Dupla Jornada e Saúde Mental da Mulher: Impactos, Desafios e Caminhos para o Equilíbrio

por | set 18, 2025 | Uncategorized | 0 Comentários

A dupla jornada feminina afeta a saúde mental, causando ansiedade e estresse. Descubra os desafios e soluções para equilibrar vida profissional e pessoal.

Nos últimos anos, a dupla jornada das mulheres — que consiste em equilibrar o trabalho profissional com as responsabilidades familiares e domésticas — tem sido amplamente discutida. Este assunto é particularmente relevante quando examinamos seu impacto sobre a saúde mental das mulheres. Embora as conquistas femininas no mercado de trabalho tenham sido significativas, a manutenção do papel tradicional no espaço doméstico torna essa conquista potencialmente onerosa para sua saúde emocional e psicológica.

Introdução à Dupla Jornada e Saúde Mental Feminina

O conceito de dupla jornada não é novidade, mas ganhou nova dimensão nas últimas décadas, com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Segundo um estudo do IBGE, a presença feminina na força de trabalho ativa no Brasil supera 42 milhões. No entanto, esse avanço não se traduziu em uma divisão equitativa das tarefas domésticas e de cuidados, que ainda recaem predominantemente sobre as mulheres.

Essa sobrecarga na distribuição das responsabilidades tem um efeito direto na saúde mental das mulheres. Diversos estudos indicam que a combinação de pressões profissionais e domésticas são catalisadores para o desenvolvimento de condições como ansiedade, depressão, insônia e síndrome de burnout.

Principais Efeitos da Dupla Jornada na Saúde Mental das Mulheres

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que as mulheres têm 50% mais chances de desenvolver ansiedade e depressão em comparação aos homens. Isso se torna particularmente significativo quando associado à dupla jornada. A tentativa de equilibrar obrigações profissionais intensas com o trabalho doméstico contínuo muitas vezes resulta em exaustão mental e física.

Os sintomas de stress crônico são abundantes e incluem desde irritabilidade, perda de concentração, cansaço extremo, até problemas mais sérios como depressão e ansiedade. Estas condições impactam mais do que apenas o bem-estar pessoal, refletindo também na qualidade das relações interpessoais e na produtividade profissional.

Sobrecarga de Trabalho e suas Repercussões Emocionais e Sociais

A sobrecarga refletida na dupla jornada frequentemente afetua a autoestima das mulheres, levando à sensação de insuficiência tanto no ambiente profissional quanto no pessoal. Muitas mulheres experimentam sentimentos de culpa por não conseguirem corresponder às expectativas em ambos os âmbitos.

Além do impacto emocional, há também repercussões sociais. A falta de tempo adequado para descanso e lazer reduz a participação social e momentos de recreação, essenciais para o equilíbrio mental, contribuindo para o isolamento e posterior declínio emocional.

Papel dos Cuidados Domiciliares e a Chamada “Tripla Jornada”

Com a dupla jornada, muitas mulheres acabam abraçando uma “tripla jornada” que incorpora cuidado emocional e social da família, além das responsabilidades clássicas. Isto não apenas acumula responsabilidades, como também adiciona pressões invisíveis à vida diária.

Essa adição de tarefas relacionadas ao suporte emocional, logísticas como a educação dos filhos, e a manutenção de laços familiares/e sociais estresses adicionais que são frequentemente desvalorizados, mas que possuem um impacto crítico na saúde mental das mulheres envolvidas.

Aspectos Culturais e Estruturais que Mantêm a Sobrecarga Feminina

Um dos principais desafios para mudar essa realidade é lidar com as normas culturais e desigualdades estruturais de gênero que perpetuam o desequilíbrio de responsabilidades. A expectativa social de que as mulheres devam assumir a maior parte do cuidado doméstico e as consequências disso muitas vezes passam despercebidas nas discussões sobre progresso profissional e pessoal.

A conscientização e as discussões públicas sobre a redistribuição equitativa do trabalho doméstico são fundamentais para começar a quebrar essas barreiras culturais, mas para mudanças reais também são necessários ajustes em políticas públicas e práticas corporativas.

Impacto da Pandemia no Esgotamento Mental das Mulheres

A pandemia de COVID-19 intensificou ainda mais as demandas de trabalho e domésticas, pressionando as mulheres a um ponto de esgotamento. O confinamento forçou a maioria a gerenciar simultaneamente o trabalho remoto, a educação dos filhos em casa e aumento das tarefas domésticas.

Relatórios da ONU Mulheres indicam que esta situação exacerbou as desigualdades, com muitas mulheres relatando um aumento significativo na carga mental, o que acentua o impacto psicológico adverso.

Estratégias de Enfrentamento e Políticas Públicas Necessárias

Superar os efeitos da dupla jornada requer não apenas esforços individuais, mas também mudanças estruturais. As empresas podem adotar práticas mais inclusivas e oferecer horários flexíveis, programas de saúde mental e suporte ao colaborador, que podem ajudar a aliviar algumas das pressões enfrentadas pelas mulheres.

Além disso, políticas públicas que incentivem a licença parental equitativa, medidas de proteção ao trabalhador contra a discriminação de gênero e ações afirmativas para a promoção no local de trabalho podem proporcionar o apoio necessário para mulheres multifuncionais.

A Importância do Autocuidado e do Suporte Psicológico

Práticas de autocuidado e busca por suporte psicológico são essenciais e eficazes na redução do estresse mental causado pela dupla jornada. Terapias cognitivas, meditações guidada, esporte em grupo e o comprometimento intencional para momentos de lazer podem criar espaços de renovação mental.

Tratar a saúde mental com a mesma prioridade que a saúde física é essencial na prevenção de esgotamento emocional. Além disso, estimular conversas abertas sobre o impacto da sobrecarga pode promover uma cultura onde o bem-estar mental é central.

Perspectivas Futuras e o Papel das Novas Gerações

Embora a mudança seja lenta, as novas gerações trazem esperança de atitudes mais igualitárias. Jovens estão sendo educados em espaços onde modelos de gênero devem ser mais flexíveis e onde as responsabilidades são equitativamente compartilhadas entre todos os membros da sociedade.

Mover em direção a uma sociedade que apoia genuinamente a equidade de gênero não só beneficiará a saúde mental das mulheres, mas também promoverá um ambiente mais justo, saudavel, e produtivo para todos.

*Texto produzido e distribuído pela Link Nacional para os assinantes da solução Conteúdo para Blog.

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Escrito por Maria Silva, Coordenadora de Projetos da ACMCESI

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